Marinha americana e Mergulho de saturação

MARINHA AMERICANA

Não se sabe ao certo quando começou o programa de mergulho da Marinha Americana. Entretanto, registros oficiais indicam que George Stillson começou a desenvolver o programa em 1912. O desastre com o submarino da Marinha Americana F-4 estimulou o interesse no mergulho. A primeira escola de mergulho da Marinha Americana foi inaugurada em 1915, e a hoje famosa Unidade de Mergulho Experimental da Marinha Americana (NEDU) foi criada em 1927. Experimentos com misturas de hélio/oxigênio começaram na década de 30 e foram utilizadas extensivamente no resgate do submarino Squalus (1939). Foi durante a 2ª Guerra Mundial que o potencial do mergulho militar ficou evidente.

O famoso Grupo de Demolição da Marinha Americana (UDT) começou a trabalhar em 1943. O grupo foi inicialmente formado por integrantes do Batalhão de Construção da Marinha, dos Fuzileiros de Reconhecimento e Ataque e do Departamento de Serviços Estratégicos. Os homens-rã da 2ª Guerra Mundial eram usados para o reconhecimento de superfície e como especialistas em demolição. Equipamentos de mergulho foram pouco usados durante a guerra. O Grupo de Demolição foi muito utilizado nas Guerras da Coréia e do Vietnam.

As equipes um e dois de SEALS (mar, ar e terra) da Marinha Americana foram comissionadas pelo presidente Kennedy no dia 1 de Janeiro de 1962. Este grupo especial foi organizado e treinado para conduzir operações militares não convencionais, ações de contraguerrilha e operações clandestinas em áreas marítimas e ambientes ribeirinhos. O mergulho é apenas uma das muitas atividades de um SEAL. Os SEAL estavam envolvidos na crise de Cuba em 1962 e da República Dominicana de 1965. Entretanto, foi apenas durante a Guerra do Vietnam que este grupo se estabeleceu como uma das forças de elite do mundo.

MERGULHO DE SATURAÇÃO

Experimentos sobre a vida em ambientes hiperbáricos começaram em 1930. O conceito de mergulho saturado e da vida em habitats subaquáticos foi introduzido por G. Bond, um oficial médico de submarinos da Marinha Americana. Em 1964, o primeiro experimento de vida subaquática americano, o SEALAB I, foi conduzido na região das Bermudas a uma profundidade de quase 60 metros. O SEALAB II e outros projetos se seguiram. Ao mesmo tempo, Cousteau conduzia o projeto CONSHELF, que conseguiu conduzir uma submersão de 28 dias a 100 metros de profundidade. Mais recentemente, os programas TEKTITE, HYDROLAB e AQUARIUS permitiram que cientistas pudessem experimentar diversas técnicas de mergulho de saturação.

O primeiro mergulho de saturação comercial foi conduzido em 1965 na Virginia. Mergulhadores trabalhavam por até cinco dias a profundidades de 60 metros usando o sistema Cachalot da Westinghouse. Este mesmo sistema foi utilizado no ano seguinte no primeiro mergulho de saturação conduzido no Golfo do México a uma profundidade de 70 metros. Em 1967, a profundidade de trabalho chegou a 180 metros. Em 1970, mergulhadores da firma francesa COMEX estenderam a profundidade de mergulho saturado a 250 metros.

Já em 1988, a mesma COMEX fez incursões a 520 metros usando misturas de hidrogênio/hélio/oxigênio. Apesar de mergulhadores serem capazes de trabalhar a estas profundidades, algumas autoridades consideram que a profundidade máxima para o mergulho saturado deve ser de 230 metros. A indústria de mergulho continua buscando maiores profundidades e tempos de fundo. Nos anos 70, já se faziam mergulhos a mais de 300 metros de profundidade e mergulhos experimentais em câmara testavam os mergulhadores a mais de 600 metros. O sistema de mergulho sino/saturação se tornou o padrão na indústria do mergulho comercial. Sistemas SCUBA de circuito fechado com misturas gasosas são capazes de dar suporte um mergulhador por seis horas a 300 metros. A demanda contínua da indústria de petróleo e de construção oceânica fez com que uma nova era de mergulho surgisse. Durante os anos 70 a indústria do mergulho se desenvolveu muito graças ao mergulho comercial, mais do que graças ao mergulho militar.

SISTEMAS DE MERGULHO DE 1 ATMOSFERA

Os primeiros sistemas de mergulho de uma atmosfera surgiram em 1715. Foi apenas em 1920 que Joseph Peress desenvolveu uma junta capaz de ser utilizada em uma roupa de mergulho de uma atmosfera. A roupa de uma atmosfera foi utilizada durante os anos 30 com sucesso, mas só no final dos anos 60 é que uma empresa britânica reconheceu a importância e potencial deste tipo de sistema para a indústria de petróleo. Peress foi então convidado a desenvolver outra roupa. A nova roupa foi chamada de JIM em homenagem ao primeiro mergulhador a mergulhar com a primeira roupa de Peress, Jim Jarret. Na época, Jarret usou a roupa na salvatagem do navio naufragado Lusitania, a 150 metros. Os sistemas de uma atmosfera foram importantes para a indústria petrolífera durante os anos 70 e 80. Mergulhos a mais de 550 metros, e sem os problemas fisiológicos e logísticos associados com o mergulho saturado, eram agora possíveis. A subida de um mergulho a 300 metros com o sistema de uma atmosfera demora alguns minutos, comparado com os oito dias de descompressão em um mergulho saturado.

Custos de operação, fatores de risco, seguros e avanços tecnológicos fizeram com que o mergulho saturado tivesse uma baixa prioridade dentro das opções disponíveis para o mergulho comercial. A década de 80 viu um grande avanço na robótica subaquática. Os Veículos de Operação Remota (ROVs) iriam desafiar o mergulho saturado e os sistemas de uma atmosfera. Nos anos 90, a robótica subaquática se tornou o principal sistema de trabalho subaquático. Será que o mergulhador vai ser substituído? Não completamente! Entretanto, o papel do mergulhador nunca será aquele dos anos 60 e 70. O futuro reserva uma série de inovações em sistemas de mergulho, técnicas e fisiologia que vão influenciar as atividades de mergulho comercial, militar, científico e esportivo.

A história do mergulho é muito complexa para ser resumida em algumas páginas. Alguns fatos pouco conhecidos, como por exemplo, o mergulho com hélio/oxigênio de 1 de dezembro de 1937 no Lago Michigan conduzido por Max Gene Nohl a uma profundidade de 130 metros, podem ser encontrados em publicações acadêmicas de medicina e até em livros. Qualquer estudante de mergulho vai achar fatos históricos interessantes e informativos. Devemos entender de onde viemos para construirmos o futuro.

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